O
grande desafio de quem ensina
Em
plena era do avanço gigantesco e veloz da tecnologia, ainda existem
muitos professores que não se sentem preparados para utilizar
computadores na sala de aula, e isto se confirma segundo uma
pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita,onde 72% dos
entrevistados não têm esse preparo, e apenas 15% afirmaram ter
recebido formação para o uso de tecnologias aplicadas à Educação,
mas ainda assim, na maior parte dos casos, essas tecnologias não
estão conectadas aos conteúdos.
Para
Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA e da Fundação
Victor Civita, as capacitações em serviço deveriam focar os
conteúdos de cada disciplina e incluir as tecnologias como
ferramentas para facilitar o trabalho de sala de aula.
Rosane
de Nevada, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
lembra que só ensinar a mexer na máquina não contribui para
aperfeiçoar o jeito de ensinar. "Basta de usar o computador
apenas para repetir o que foi dado em sala de aula", diz ela,
que coordena um curso de formação continuada em Porto Alegre
.
Enquanto os professores ainda não têm essa formação, a
participação do especialista em tecnologia educacional (em geral, o
responsável pelo laboratório de informática) facilita a vida dos
colegas e permite que mais estudantes tenham acesso aos computadores.
72%
dos entrevistados acham que o curso de graduação os preparou pouco
ou nada para o uso da tecnologia na escola.
Escrever
com a ajuda do computador
AULA
COM SENTIDO Na EMEF Deputado Victor Issler, Luciene ensina
produção de
texto no computador. Foto: Tamires Kopp
Ações
que podem fazer a diferença
1- Mudar o foco dos programas de formação continuada.
Iinvestir mais tempo e recursos
para melhorar os cursos de graduação no que diz respeito ao uso das
tecnologia,. Em vez de organizar cursos sobre o
uso de máquinas e softwares, o ideal é incluir a tecnologia nas
capacitações específicas sobre os conteúdos da disciplina.
2- Disseminar a cultura digital em toda a rede.
Através de campanhas informativas sobre a importância de dominar as novas tecnologias para ajudar os professores a superar medos e resistências. Afinal, o educador jamais será substituído pela máquina. Ao contrário, só com a mediação dele as ferramentas de informática podem ser utilizadas de maneira eficaz.
3- Facilitar a comunicação entre os professores.
Isso
vale dentro de cada escola e em toda a rede - para fomentar a troca
de experiências e o desenvolvimento de projetos em conjunto.
Ferramentas como blog, MSN e Skype devem não apenas ser liberadas
mas também incentivadas.
4- Ampliar as atividades em conjunto pelas escolas.
Projetos
interdisciplinares e interescolares sobre temas de interesse
pedagógico são comuns nas redes; então, por que não usar a
tecnologia para facilitar a pesquisa e publicação dos resultados
obtidos? Isso estreita o relacionamento entre alunos,
professores e gestores, ampliando o contato com a comunidade.
5- Valorizar os professores que utilizam bem as tecnologias.
Oferecendo incentivos (dinheiro, prêmios e
oportunidades) a professores que desenvolvem projetos incorporando de
forma inteligente as tecnologias ao ensino dos conteúdos.
6- Redefinir o papel do especialista em informática.
Toda escola deve ter pelo menos um professor especialista em informática por turno - em cada laboratório disponível. É fundamental fazer com que esse profissional atue como um formador dos colegas, ajudando-os a se familiarizar com as ferramentas tecnológicas.
7- Investir nos melhores alunos e transformá-los em monitores.
Esses monitores podem auxiliar os professores (no contraturno, por exemplo) a orientar as turmas a usar as máquinas.
8- Envolver a equipe gestora nas decisões.
Diretores e coordenadores pedagógicos também precisam se formar para aprender a usar bem as tecnologias.
Ilustração: Mario Kanno
Regina
Scarpa é
coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita e da revista
NOVA ESCOLA
Foto: Bob Paulino
Como
melhorar a formação dos professores para o uso das novas
tecnologias?
Regina No mundo de hoje, não há mais espaço para quem não sabe trabalhar com o computador. Daí a importância de todos os professores se manterem atualizados. Nesse contexto, o professor responsável pelo laboratório de informática deveria se colocar no papel de formador dos colegas - em vez de ficar apenas "tomando conta" dos alunos, enquanto o professor de classe aproveita para corrigir provas, fazer planejamento ou participar de reuniões.
O que acontece quando o professor delega para o especialista em informática a responsabilidade de trabalhar com os computadores?
Regina O conhecimento sobre as novas tecnologias fica centralizado numa só pessoa e a equipe docente não se familiariza com as ferramentas. Fica impossível pensar em utilizá-las a serviço da aprendizagem dos conteúdos. Cada professor deve sempre pensar: como a tecnologia pode colaborar com o ensino da Matemática? E da produção de textos?
Mas ainda há muitos que resistem aos avanços por acharem complicado trabalhar com os computadores...
Regina Além de usar o especialista em informática como formador, o ideal seria incluir os usos das tecnologias nos programas de formação continuada das Secretarias de Educação - sempre atrelados aos conteúdos curriculares.
Os alunos que têm mais familiaridade com as novas tecnologias podem ajudar?
Regina Sem dúvida. Não há problema em pedir ajuda. Sobretudo porque essa autonomia dos alunos pode render boas situações-problema relacionadas aos conteúdos.
Regina No mundo de hoje, não há mais espaço para quem não sabe trabalhar com o computador. Daí a importância de todos os professores se manterem atualizados. Nesse contexto, o professor responsável pelo laboratório de informática deveria se colocar no papel de formador dos colegas - em vez de ficar apenas "tomando conta" dos alunos, enquanto o professor de classe aproveita para corrigir provas, fazer planejamento ou participar de reuniões.
O que acontece quando o professor delega para o especialista em informática a responsabilidade de trabalhar com os computadores?
Regina O conhecimento sobre as novas tecnologias fica centralizado numa só pessoa e a equipe docente não se familiariza com as ferramentas. Fica impossível pensar em utilizá-las a serviço da aprendizagem dos conteúdos. Cada professor deve sempre pensar: como a tecnologia pode colaborar com o ensino da Matemática? E da produção de textos?
Mas ainda há muitos que resistem aos avanços por acharem complicado trabalhar com os computadores...
Regina Além de usar o especialista em informática como formador, o ideal seria incluir os usos das tecnologias nos programas de formação continuada das Secretarias de Educação - sempre atrelados aos conteúdos curriculares.
Os alunos que têm mais familiaridade com as novas tecnologias podem ajudar?
Regina Sem dúvida. Não há problema em pedir ajuda. Sobretudo porque essa autonomia dos alunos pode render boas situações-problema relacionadas aos conteúdos.
Conclusão:
Esse tema é muito interessante, e seria mais interessante ainda, se tudo o que foi mencionado aqui, fizesse parte da realidade de todos, mas infelizmente, isto não é verdade, e há uma defazagem muito grande no que diz respeito à capacitação para o uso das novas tecnologias. Realmente, falta preparo! Não bastam ter máquinas potentes nas escolas, mas antes de tudo, é preciso ter profissionais capacitados para lidar com estes instrumentos, transformando e articulando as formas de ensinar.
Toda ferramenta só tem utilidade quando é usada da forma correta, e com o computador, não é diferente: é preciso dominar todos os recursos disponíveis, para lançar mão deles nos momentos de necessidade, dinamizando assim, o ensino-aprendizagem, criando um suporte rápido, eficiente e transformador, facilitando a vida do professor e abrindo-lhe horizontes que antes, nunca imaginava serem possíveis de alcançar.